Faz algum tempo
que não escrevo nada por aqui... o blog ficou parado tanto tempo que acho que
mudarei o nome para “anuário de um traceur”.
A verdade é que
este ano foi um ano bem conturbado pra mim, e apesar de não ter parado de
estudar, refletir e treinar parkour, não consegui organizar minhas idéias para
atualizar o blog com uma frequência bacana. E entre postar qualquer merda só
pra dar volume nos posts e deixá-lo parado, eu prefiro dez vezes deixá-lo
parado (não que normalmente o conteúdo fosse sensacional... mas vocês
entenderam :P).
De qualquer forma estou tentando reviver este blog faz um tempo, e o momento atual do cenário parkouriano me motivou a escrever sobre uma discussão que tem acontecido bastante devido a acontecimentos recentes.
Porém, antes de tratar desta discussão em especial eu acredito que seja necessário abordar aqui um tema que eu já queria ter abordado a muito tempo e que será pertinente para diversas argumentações que eu usarei daqui pra frente (e talvez também seja útil para vocês refletirem e construirem um maior entendimento sobre o Parkour).
De qualquer forma estou tentando reviver este blog faz um tempo, e o momento atual do cenário parkouriano me motivou a escrever sobre uma discussão que tem acontecido bastante devido a acontecimentos recentes.
Porém, antes de tratar desta discussão em especial eu acredito que seja necessário abordar aqui um tema que eu já queria ter abordado a muito tempo e que será pertinente para diversas argumentações que eu usarei daqui pra frente (e talvez também seja útil para vocês refletirem e construirem um maior entendimento sobre o Parkour).
Eu honestamente
sinto que em algum momento ele precisaria existir, pois ele baseia muitos
pontos sobre os quais me apoio para interpretar a prática. Tentarei então, deixar
as pontas bem amarradas para a compreensão do que eu estarei tentando mostrar.
Bom, vamos lá...
É usual as
pessoas tentarem encaixar o Parkour em algum conceito pré estabelecido como
‘Esporte’, ’ginástica’, ‘Arte’, ‘método de treinamento’ e etc... Mas já a algum
tempo, vendo as diferentes interpretações, a falta de uma definição única e a extrema
dificuldade de emoldurá-lo, eu tenho cada vez mais refletido sobre o fato do
parkour ser um conceito por si só.
Mas o que é um
conceito?
Antes de mais
nada, vou puxar um parênteses para dizer que é interessante pontuar que existe
uma diferença entre “definição” e “conceito”. Esta é uma discussão EXTREMAMENTE
COMPLEXA na filosofia, e eu NUNCA conseguiria elucidar completamente esta
diferenciação neste texto, porém vou sintetizá-la de uma forma mais prática
para que possa ser contextualizada no presente assunto (além de, é claro,
deixar referências no final do texto para quem se interessar em se aprofundar).

Um exemplo é a palavra “Democracia”. Existe uma definição, uma essência particular da palavra que é a idéia do governo que vem do povo. PORÉM, o conceito de democracia pode variar de autor para autor... pois a discussão aprofunda-se em diversas variáveis como pontos de vista e contextos variados.
Mas continuando...
o que é mesmo um conceito?
Conceito pode ser definido de várias formas e é um assunto extremamente complexo no âmbito filosófico.
Geralmente é entendido como o conjunto de idéias que representam e significam algo.
Conceito pode ser definido de várias formas e é um assunto extremamente complexo no âmbito filosófico.
Geralmente é entendido como o conjunto de idéias que representam e significam algo.
“O conceito é aquilo que se concebe no pensamento sobre algo ou alguém.”[..]” Também pode ser interpretado como um símbolo mental, uma noção abstrata
contida em cada palavra de uma língua que corresponde a um conjunto de
características comuns a uma classe de seres, objetos ou entidades abstratas,
determinando como as coisas são.
O conceito expressa as
qualidades de uma coisa ou de um objeto, determinando o que este é e o seu
significado.” (https://www.significados.com.br/conceito/)
“Do latim conceptus, o
termo conceito refere-se à percepção, à ideia formada mentalmente, isto é, pelo
entendimento.” (http://conceito.de/conceito)
Existem várias
formas de se criar uma concepção sobre algo, eu vou me focar aqui em 2
aspectos, que para este texto serão os mais relevantes.
A primeira forma
de se interpretar e reconhecer o ambiente é através do que é conhecido como
Conceito Concreto. Este permite que o indivíduo registre informações a partir
dos nossos sentidos (Vendo, ouvindo, cheirando, provando e tocando). Este
conceito foca-se no “aqui e agora”, não se preocupa tanto em considerar
“significados ocultos” naquela informação e não estabelece relações entre
idéias e seus respectivos conceitos.
Como exemplo
desse conceito podemos utilizar aspectos que podem ser caracterizados pelas
suas particularidades detectáveis através dos 5 sentidos, como: Um Triângulo,
uma pedra, uma casa, ou a cor verde. Você conseguiria sozinho estabelecer
significados através da sua percepção de que cada coisa é uma coisa...
encontraria padrões sem ninguém precisar te dar uma enciclopédia.
A segunda forma é
o que chamamos de Conceito Abstrato. Consiste basicamente na formulação de
idéias e significados que vão além dos 5 sentidos. Essa forma de reconhecimento
é formulado através da concepção de idéias e de entender aquilo que não pode
ser visto ou detectável através de seu tato, visão, audição, paladar e olfato.
Parte da idéia de que ás vezes “nem tudo é o que parece”. Todo debate é construído
através da ontologia, estabelecendo relações entre conceitos, ideias, linguagem
e realidade. Alguns exemplos desse tipo de concepção da realidade são:
Liberdade, Lucro, Ciência e etc. Coisas que não se significam de uma forma tão
simples quanto a simples observação do “aqui e agora” e demandam certa
abstração, introspecção e estudo.
Essa linha de
pensamento conceitual (vinda principalmente dos pensadores antigos como Platão
e Aristóteles) é área de estudo das disciplinas de Filosofia, Linguística,
Psicologia e Ciência cognitiva. Em outras palavras é uma abstração e uma forma
de se refletir para aquilo que é real.
Bom... para visualizar
o que isso tem a ver com Parkour é necessário entender que a prática nasce de
um conceito abstrato... algo que não necessariamente é tão simples de se
conceber apenas através dos seus sentidos, pois parte de idéias como
fotalecimento, criatividade, desafios, autonomia e desenvolvimento pessoal. Mas
apesar de iniciar-se de uma mentalidade, ela se personifica e se torna real
através de um conceito concreto... através de padrões de movimentação como
correr, saltar, escalar, rolar e do uso desses padrões para superar obstáculos.
Tudo muito facilmente observável e detectável através da visão e do tato. Tanto
é que não é preciso que uma pessoa seja aprofundada na essência das ideias do
parkour para conseguir olhar um praticante saltando e concluir “Olha, que
legal, Parkour!” (e logo depois pedir “-faz um mortal pra eu ver?” ¬¬’).
Partindo dessa
idéia, o parkour enquanto conceito constrói-se através de uma associação dos
conceitos abstratos e concretos. Coisas que são observáveis, como os padrões e
técnicas de movimentação (conceitos concretos, coisas que de fato nos permitam
caracterizar e definir a prática) juntamente
a idéias e ontologias que norteiam a ideologia de cada praticante (conceitos
abstratos, os quais dificilmente podem ser limitados, dada a subjetividade na
interpretação de cada um sobre aquilo que faz).
Como não existe
um livro de regras, tampouco uma instituição que regulamente a prática e a
defina como um formato “A”, “B” ou “C” pode-se assumir que essas construções e
o próprio método de treino torna-se um conceito subjetivo, o qual será
construído baseado nas referências que cada pessoa tem ao longo da sua vida
enquanto traceur. Essa referência pode vir de vídeos na internet, pode vir de
documentários, pode vir de praticantes que conheceu ou de estudos que a pessoa
fez, e baseado nestas idéias, transforma em movimentos aquilo que ela entendeu
e o que ela acredita.

- “Parkour não é uma possessão minha, Parkour é uma coisa que eu vivi e que eu doei. E Parkour será o que você fará dele.”
- “Todos são livres para fazer do Parkour o que quiserem”
- “você achará seu próprio caminho”.
Também é
observada no livro “Find your Way” do Foucan.
“[...] trata de
viver a vida em toda sua plenitude, mentalmente, fisicamente e espiritualmente
– e esta é a razão porque o seu caminho não tem nome, nenhuma palavra pode
encapsular a sua jornada.” (Find Your Way – pág 17)
Esse relativismo
de conceitos também pode ser observada no Ciné Parkour:
“O Parkour é um
fenômeno multidimensional que pode ser experimentado como arte, disciplina de
treinamento, esporte, conjunto de valores e prática da liberdade, dependendo
das motivações de um indivíduo, seu entendimento cultural e da exposição à
história da prática. A pesquisa estabelece que o parkour é uma maneira
imaginativa e particular de pensar;”
(Angel. Julie, Ciné Parkour - a cinematic and theoretical contribution to the
understanding of the practice of parkour, 2011)
E também durante
o documentário “Geração Yamakasi”:
“[...]É uma forma de liberdade, um meio de expressão, uma maneira de se ganhar auto-confiança. Seu conceito nunca é claramente definido.” (Chau Belle – Geração Yamakasi, parte 1)
Independente da
fonte que se utilize o Parkour nunca é tratado como algo imóvel e imutável. Os
criadores deixaram a idéia da prática enquanto ferramenta para se conhecer, e
que poderia ser utilizado como o praticante escolher. (Ps: todos os links para
as referências estarão no final do texto)
Além disso, se o
encararmos como um conceito abstrato pode-se concluir que sua significação
ideológica fica á cargo do observador (no caso, os próprios praticantes) que
acrescentam seus pontos de vista e formas de se conceber aquilo.
Idéias são abstratas, subjetivas, algo que não
pode ser visto, tocado ou provado como absoluto. E o fato de não existir uma
única definição conceitual que crie um muro imaginário separando as visões,
ainda que discordantes, torna uma diversidade enorme de manifestações ideológicas no Parkour
válidas. E isso é tão facilmente comprovável que mesmo entre os próprios
criadores haviam discordâncias. A prova disso é a própria confusão feita ao
longo do tempo com relação as nomenclaturas utilizadas (Tema que eu já abordei
neste post e que é muito bem explicado pelo Bruno Peixoto neste vídeo).
O fato é que não
existe uma bíblia do parkour, que diga o que faz e o que não faz parte da
prática (E mesmo se existisse, não faria a menor diferença pois como David
Belle diz muito bem “não é possível impedir as pessoas de criarem suas próprias
interpretações”. Prova disso é a quantidade de religiões cristãs com suas
respectivas bíblias... se a idéia fosse algo imutável o cristianismo nunca
teria tantas vertentes).
Como não temos um
guia escrito, o Parkour é passado adiante através do famoso boca-a-boca. Esse
processo é bem estudado e conhecido como “Tradição Oral”, e é utilizado à milênios
como forma de se passar informações, memórias e conhecimento de um determinado
grupo através da fala. (Referências no final do texto). Isso torna-se um grante
telefone-sem-fio onde o que aprendeu com outras pessoas é perpetuado e passado
adiante, num processo contínuo.
Como existem
diferentes interpretações da mesma prática, alguns valores são acrescentados,
alguns tirados e no final das contas não é de se surpreender que os conceitos
da atividade sejam tão diferentes se você migrar de grupo pra grupo ao redor do
mundo. As ideologias e formas de se aplicar a parte prática mudam muito, e isso
é natural, visto que a concepção de todo o movimento parte de um ponto de vista
subjetivo... baseado em motivações e interpretações individuais, o que faz cada
forma de se praticar algo extremamente pessoal.
Visto a atual
velocidade com que as informações são divulgadas e acessadas hoje em dia, essa
avalanche de interpretações tomam as redes sociais, fazendo com que as
concepções mais antigas fiquem cada vez mais “apagadas” no “passado da
internet”. Quanto mais novo você for dentro do Parkour, mais difícil fica de
você conhecer os conceitos e idéias aplicados pelos fundadores da prática, e
quanto mais longe da fonte primária, mais diluídos ficam seus conceitos originais.
Tá, mas quem está
certo então? Os fundadores?
Sinceramente....
se você leu tudo isso até aqui e ainda tá achando que tem ‘certo’ e ‘errado’
nessa história... você leu tudo errado, lê de novo.
Resumidamente, só
para esse texto não ficar ainda mais gigantesco:
O Parkour é uma prática em comum, que pode ser definida como um método de treinamento que permite ao individuo utilizar seu corpo para se locomover no ambiente (ou seja, tem uma definição específica mais superficial), mas é passível de interpretações e conceituações pessoais (discussões, reflexões e interpretações que o tornam um conceito abstrato). Logo, o que cada um faz da sua prática é um particular que diz respeito unicamente á consciência daquele determinado indivíduo.
“Mas eu não
concordo com a forma que ele pratica... as idéias dele não são iguais as
minhas.”
O Parkour
enquanto conceito, como mostrado, não é uma apropriação sua pra você dizer como
tem ou não que ser a prática de outra pessoa. Não é como se você tivesse os
“direitos autorais” sobre toda a idéia envolvendo os conceitos, o que o tornaria
o que você quisesse que fosse. Se nem os próprios criadores instituiram
limites, então talvez você deva parar de tentar restringir as concepções
alheias. No máximo você pode impor limites para a sua própria prática, a sua própria
interpretação do Parkour, mas nunca a dos outros.
“Então você está
dizendo que se alguém saltar um muro pra roubar uma casa, aquilo é parkour?”
É claro que tem
muito praticante cabeça-de-vento por aí... que não se dá ao trabalho de
pesquisar, de buscar referências e construir suas idéias com coerência e
coesão. Mas isso não descaracteriza o parkour dele, só o torna extremamente
superficial, raso e fraco. Como diz o ditado “A opinião mais burra do mundo
continua sendo uma opinião.”.
Obviamente o
parkour não se resume a “pular muro”. Não é porque alguém está pulando de um
telhado pro outro, ou escalando uma árvore, ou mesmo fazendo um vault... que
necessariamente ele está fazendo parkour. Como eu disse antes, Parkour, além de
sua definição física, é um conceito, uma mentalidade. Se a pessoa se identifica
como um praticante de parkour e dentro do entendimento dela, aquilo se encaixa
na sua interpretação,então amigo, ele está fazendo parkour sim. E, PASMEM, um
praticante de parkour pode sim utilizar da sua prática pra roubar uma casa.
O Parkour é
apenas uma ferramenta, um instrumento que pode ser utilizado de diversas formas
diferentes, tanto pra bem, quanto pra mal.
Mas é claro que
existem alguns parâmetros que são consensuais entre os praticantes e que
norteiam o entendimento do conceito inteiro. São bem conhecidos os lemas “ser
forte para ser útil” e “ser e durar” importados do Método Natural de George
Hebert. Também todos identificam-se com determinadas técnicas de movimentação
que são bem características do Parkour. Além disso a ideia da prática consistir
em métodos de treino que permitam ao individuo ultrapassar obstáculos de forma
eficiente, explorar o ambiente, ressignificar o espaço, superar os próprios
medos e limitações, se fortalecer e se desafiar utilizando apenas o próprio
corpo também é algo bastante fixo na comunidade em geral e bem citado em
artigos científicos publicados. Apesar de não podermos cercear os conceitos,
podemos partir de uma definição bastante clara, que foi construída através da
própria forma de se movimentar dentro da atividade.
No geral as
pessoas tem mais contato com o conceito concreto (definição) do Parkour, aquilo
que é observável em vídeos, porém a parte ontológica e seus conceitos abstratos,
tanto básicos, quanto os profundos, só são possíveis de se entender com algum
estudo e vivência dentro da prática, e a partir daí as possibilidades de
concepções e interpretações acerca da prática são inúmeras (Aristóteles fala
bastante da concepção de um objeto através da experiência).
O que se conclui
então?
Seguindo este
raciocínio, pode se concluir que existe um “ponto A” no Parkour, uma definição ‘essencial’
sobre o qual os praticantes apoiam-se para começar a entender o que é a prática,
e a partir de um certo ponto a pessoa passa a interpretá-lo dependendo de suas
próprias compreensões.
Por essa razão
não há como excluir interpretações diferentes... não há como afirmar que
“Parkour não é isso” ou “Parkour é aquilo”. Parkour tem giro? Parkour tem
competições? Parkour é arte? É esporte? É filosofia de vida? Tudo depende de
como você vai interpretar os seus próprios conceitos e como vai construir seu
entendimento do todo (Mas se quer a minha opinião sobre parkour ser um esporte
eu apresento alguns argumentos neste texto). O máximo que você pode dizer com
relação ao que é ou não Parkour é baseado em princípios básicos. Mas se a
pessoa está se desafiando, está ultrapassando obstáculos, está explorando o
ambiente, está utilizando o próprio corpo para superar seus medos, e o mais
importante, aquela pessoa entende aquilo que ela está fazendo como Parkour,
Então porque não seria?
Claro que é necessário o mínimo de bom-senso para não viajar demais em suas interpretações. Como dizer que tomar café ao som de aerosmith enquanto acaricia seu gato Dejair é Parkour, porque sim.... é necessário o mínimo de coerência com as bases conceituais consideradas concretas na prática. Mas ao mesmo tempo nada impede que você utilize a mentalidade construída no Parkour para outras coisas na sua vida, como superar um problema no seu trabalho ou ser útil para sua família... porém é necessário entender quando se está utilizando a “mentalidade do Parkour” e quando se está, de fato, o praticando.
Claro que é necessário o mínimo de bom-senso para não viajar demais em suas interpretações. Como dizer que tomar café ao som de aerosmith enquanto acaricia seu gato Dejair é Parkour, porque sim.... é necessário o mínimo de coerência com as bases conceituais consideradas concretas na prática. Mas ao mesmo tempo nada impede que você utilize a mentalidade construída no Parkour para outras coisas na sua vida, como superar um problema no seu trabalho ou ser útil para sua família... porém é necessário entender quando se está utilizando a “mentalidade do Parkour” e quando se está, de fato, o praticando.
Então se alguém
daqui pra frente vier te falar que “Tal coisa não é ‘Parkour de verdade’” ou
que “Parkour puro não tem isso”, saiba que muito provavelmente ele está utilizando uma falácia
clássica conhecida como “Falácia do Escocês de verdade”, que consiste em tentar
defender uma ideologia como ‘perfeita’ desconsiderando as provas evidentes de
que nem todo mundo se comporta daquele determinado modo naquele respectivo
grupo. Quando apresentadas as evidências a saída é apelar desonestamente para “Ah,
essa prova não vale porque ele não é um praticante de verdade”. Eu sei que a
essa altura vocês já imaginaram o exemplo mais clássico das polêmicas no
Parkour, os giros. Sim amigos, este é um excelente exemplo de uma falácia argumentativa:
“Pessoa A: -
Parkour não tem giros.
Pessoa B: - Mas
existem diversas pessoas que fazem parkour e que giram.
Pessoa A: - Eles
não fazem Parkour de verdade, fazem outra coisa.”
Claro que não
existe forma nenhuma de excluir uma pessoa de um grupo só porque ela pratica
algo que você não concorda. O que deve ser observado é todo o contexto que já
foi citado acima. Você pode sim discordar de determinadas atitudes dentro do
grupo, mas não se utilizando de uma forma falaciosa de argumento, que busca
fugir dos fatos e fechar os olhos para as evidências. Normalmente isso é
utilizado para tentar “defender um grupo” de uma pessoa que tenha feito algo
desonroso, ou considerado errado de alguma forma. Porém existem formas honestas
e verdadeiras de se argumentar sem precisar excluir do grupo o coleguinha que
fez algo lamentável. Afinal, isso além de desonesto é uma covardia absurda,
afinal, você claramente quer fugir do fato de ter que aceitar que o seu grupo
não é perfeito.
Deixarei nas referências uma explicação mais
aprofundada sobre essa falácia, que é bem típica.
Por fim, para
fechar o texto eu gostaria de deixar claro que não é porque a prática do
Parkour pode ser interpretada de diversas formas diferentes, que isso
necessariamente é bom. Há sempre a necessidade de se discutir se determinadas
atitudes, codutas e pensamentos devem ser socialmente aceitos na prática e,
juntos, construirmos uma mentalidade ética e moral que seja honesta partilhada
por todos nós, praticantes. E para elucidar um pouco tudo isso que eu quis
dizer até agora, vou utilizar uma citação do avô do David Belle que está em seu
livro.
“Com uma faca
você pode escolher se tornar um serial killer ou um escultor” (David Belle’s
Parkour – Interview with the founder of the discipline by Sabine Gros La Faige.
Página 16)
A
responsabilidade é sua!
Espero ter contribuido
em algo com você que leu até aqui, obrigado pela paciência.
Fiquem a vontade
para criticar, debater, compartilhar e construir conhecimento.
Em breve (mesmo) postarei a "continuação" deste texto, que ficará linkado AQUI, assim que sair.
Atenciosamente,
Um Traceur.
Agradecimentos especiais á Marina Neves (s2), ao Jean Wainer e à Monique Rocha pela ajuda com a revisão do texto.
Referências
Eu gostaria muito de argumentar em alguns pontos do seu texto, mas tenho que ser sincero em dizer que a leitura foi dificultada pelo sono e pelo cansaço de uma sexta feira.
ResponderExcluirCom tempo e o corpo e mente mais tranquilos prometo que volto.
Por enquanto, só posso deixar o seguinte comentário:
"esqueceu do break dance, capoeira e dança"
Abraços, Pedro!