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terça-feira, 5 de janeiro de 2016

#6 - O Erro


Querido diário há algum tempo uma pequenina grande amiga pediu para que eu escrevesse algo sobre erros. Eu sinceramente não fazia ideia do que escrever ou de como abordar esse tema, levei um bom tempo pensando em como conseguiria tratar deste tema com a real relevância que ele merece. Hoje ainda tenho um grande receio de escrever sobre isso, mas acredito estar um pouco mais maduro e, talvez, mais preparado pra encarar esta pauta.


Bom, o que será que a palavra “erro” significa? (Preciso muito comprar um dicionário)
Erro - Ato ou efeito de errar. Juízo ou julgamento em desacordo com a realidade observada; engano. Qualidade daquilo que é inexato, incorreto. Desvio do caminho considerado correto, bom, apropriado; desregramento. (Google)
s.m. Opinião, julgamento contrário à verdade: cometer erro.
Falsa doutrina; opinião falsa. Engano, equívoco: erro de cálculo.
Errar é uma possibilidade presente em nossas vidas desde a primeira vez que tentamos algo até o momento em que morremos. É uma característica presente nas nossas vidas e extremamente necessária para o processo de aprendizado.
Normalmente pode acontecer por diversas razões, e são inúmeras as variáveis que interferem no acerto ou desacerto de um trabalho, seja ele qual for. Dentre as diversas formas e manifestações do erro podemos assumir que, no geral, a forma como lidamos com ele, independente de onde aconteça, pode ser a mesma. Então não importa onde você tenha errado, seja em uma conta de matemática, na tentativa de uma nova técnica de movimentação, seja na sua vida profissional ou no convívio com outra pessoa, os pensamentos a seguir poderão (ou não) ser aplicadas em ambos os casos.
É usual encarar a situação do erro como algo passível de punição. Somos acostumados a apontar o dedo para os erros dos outros e tratá-los como motivo de chacota, piada ou demérito. A grande prova disso é o quanto as pessoas acham engraçado quando alguém cai, escorrega ou é desastrado de alguma forma. Se isto fosse mentira, programas como “vídeo-cassetadas do Faustão”, “Partoba” e “fail army” nunca fariam o sucesso que fazem.
Por muito tempo, esta atitude era vista no próprio ambiente escolar. Parafraseando Cortella: “Quantas vezes na escola, quando se acertava, colocava-se um "C" pequenininho no trabalho, e quando errava, um ‘E’ em vermelho grandão, valorizando algo que tem que ser corrigido e não punido.”.
Rir dos erros das pessoas é muito mais conveniente do que ajudá-las a acertar não é mesmo? E apenas quando falamos dessa forma, enxergamos o quão lamentável pode ser a nossa conduta sem ao menos perceber.
Novamente citando Mario Sergio Cortella “O erro não deve ser punido e sim corrigido.”. O erro é parte fundamental no processo de exploração, tentativa e claro, no aprendizado. Não houvesse erros, equívocos e resultados falhos nas tentativas de se descobrir algo, nós NUNCA evoluiríamos nossa percepção e conhecimento científico, tampouco nossa sociedade tão dependente dos avanços tecnológicos. Lembre-se que para cada acerto, centenas, senão milhares de pessoas erraram das mais diversas formas e cada erro foi fundamental para que seus sucessores pudessem fazer diferente, e através das correções desses erros prévios, acertar.
É aqui que chamo a atenção para algo que considero essencial entendermos. O erro em si não significa nada se não soubermos identificá-lo, humildemente entendê-lo e corrigi-lo. Ou seja, nós não aprendemos com ele, e sim com a sua correção. Por isso a frase “O erro é humano, mas persistir em cometê-lo é burrice” apesar de ser extremista, é bem coerente. Digo que é extremista, pois ás vezes persistir em um erro não constitui necessariamente burrice, pode significar simplesmente que você ainda não aprendeu o que deveria com aquilo.

Engana-se aquele que pensa que os mais experientes não erram. Não importa se você é um mestre, você será sempre aprendiz dos erros que ainda não cometeu. E acredite, por melhor que você seja, sempre haverá essa possibilidade.
Obviamente não devemos premiar o erro e enaltecê-lo como a única forma ou mesmo a mais eficiente de aprendizado, pois isso seria uma grande mentira, o que proponho aqui é apenas admiti-lo e entendê-lo como uma parte importante para o seu próprio crescimento pessoal em qualquer área.
O que realmente deve ser punido, principalmente no parkour, é a negligência, imprudência e a falta de bom senso.
Através do parkour você tem uma grande possibilidade de aprender coisas incrivelmente úteis para a sua vida e uma delas, sem dúvidas, é a capacidade de identificar seus próprios erros e trabalhar para corrigi-los.
Claro, previna-se para não cair, mas caso caia NUNCA pense que isso significa que você é menos capaz. Aceite que isso é uma parte do seu aprendizado, desenvolva sua humildade e assuma-o com honra. Não há demérito em erros, afinal vivemos para aprender e aprendemos muito dessa forma, mas busque sempre melhorar nas próximas vezes. Como disse Einstein “Tolice é fazer as coisas sempre da mesma forma e esperar resultados diferentes.”.
Além disso, sejamos úteis para as pessoas que também erram. Nós, enquanto traceurs, praticantes de uma disciplina que tem na sua essência o altruísmo, deveríamos praticá-lo, afinal o “ser forte para ser útil” não deveria desaparecer quando alguém ao seu lado erra, então se você é do tipo de pessoa que apenas aponta dedos e se diverte com o erro dos outros, saiba que você está sendo uma pessoa extremamente desagradável, não só para o parkour, mas para o mundo, afinal você também erra.
Lembrem-se, não existe fracasso no erro, o fracasso está na arrogância e na resistência em admitir que não sabemos de tudo.
Espero que daqui pra frente você que leu este texto até o final possa talvez enxergar seus erros de outra forma, deixar de se punir e manter-se trabalhando para corrigi-los, tendo coragem e humildade o suficiente para assumi-los e compreender que isso é parte natural da vida de alguém que busca fazer algo bem feito.

Texto dedicado à pequena grande traceuse, Camila Stefaniu Ribeiro s2

Bons treinos.
Atenciosamente, um Traceur.

Um comentário:

  1. Excelente!!!
    Muitas vezes seu sucesso é fruto de equívocos que funcionaram como trampolins. :)

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